Às
vezes eu gosto de sair sozinha e dirigir rumo ao “nada”. Gosto de ter o vento
batendo no meu rosto e bagunçando meu cabelo, gosto da sensação que tenho de
leveza. É como se eu me sentisse um pouco mais viva do que de costume. Fico
refletindo meus erros e sobre as pessoas que encontro e conheço, e confesso que
é muito bom você só... observar e escutar.
Ultimamente tenho refletido muito
sobre a questão da saudade... Coincidentemente, tem sido grande o número de
pessoas que tem me procurado para falar o quanto está com saudades, seja de
casa, de um lugar ou de alguém.
Nunca gostei de colocar tristeza
junto com a palavra saudade, mas é o que sinto das pessoas quando as escuto.
Confesso que em alguns casos acho perda de tempo (Não da minha parte, adoro
escutar as pessoas, isso me ajuda a identificar o que posso melhorar em meu ser
ou simplesmente saber o que eu não quero me tornar), insistir nas mesmas
coisas, nas mesmas tristezas, ou ficar pensando o que poderia fazer “se
estivesse”, “se pudesse”, “se”... mas e se?.
Eu tenho muitas saudades de minha
mãe, talvez você pense que me incomoda por ser recente, ainda não tem um ano.
Mas quem pré determinou o tempo que eu tenho que sofrer mais ou menos por isso?
Eu confesso que todo dia 21 (dia em que ela faleceu), sinto a mesma dor em meu
peito, a mesma falta de ar, tenho os mesmos “flashes” na minha mente, a mesma
dor na garganta, por um choro que nunca pode sair, que eu nunca pude colocar
pra fora.
Parece que eu estou associando
saudade com tristeza, entretanto eu quero esclarecer que eu não tenho saudade
disso. Tenho saudade das brincadeiras, de dormir do lado dela e pegar no cabelo
lisinho, de ficar do lado dela na cama falando besteira e lhe apertar o nariz,
de chama-la pelo apelido, etc... Disso eu tenho saudades. Mas quando me lembro
dessas “pequenas” coisas, tenho um sorriso no rosto.
Eu mudei de cidade, de casa, tive
que aprender a morar “só”, (coloco só entre aspas porque, a realidade é que eu
nunca estou só. Deus sempre está comigo, e eu creio que se manifesta através
das pessoas que Ele põe em meu caminho). Tive menos de um mês após a morte dela
pra “reaprender” a viver, a seguir sem ela. Eu pensava se não seria desrespeito
pensar em outras coisas, quando na verdade eu deveria estar pensando em minha
mãe que se foi. Mas como todos sabemos “o mundo não para pra você resolver seus
problemas”.
Então “criei” uma teoria que eu
tinha que começar a “ganhar” e somente ganhar. Comecei no meu emprego novo, o
que posso fazer? Conhecer novas pessoas. Posso “ganhar” novos amigos. E tudo
partiu desse princípio. Para alguns é simplesmente canalizar energia positiva,
para mim uma mudança de postura diante de tudo aquilo que me deixava triste.
Percebi que eu parei de “perder”.
De perder a oportunidade de conversar com alguém, de demonstrar meu sorriso,
seja ele bonito ou feio pra você, sorrir pra mim é sempre importante (e eu amo
meu sorriso, ele é simplesmente espontâneo, largo, alegre e exagerado, ele me
representa), parei de perder tempo com tristeza e comecei a criar projetos para
desenvolver com meus alunos.
Comecei a observar mais aqueles
que estavam ao meu redor e percebi que meus alunos tinham tanta dor pra
“colocar” pra fora e que eu poderia ajudá-los a parar de perder tempo com
aquela dor e tentar achar um meio de fazê-los ganhar. Ganhar novas ideias com
um projeto, para que eles possam pensar em um futuro melhor, para eles, os
filhos que vierem, ou que já existem, para os netos... Meus colegas de trabalho
estavam precisando ganhar um abraço, um aperto de mão, um “bom dia” de verdade.
As pessoas da limpeza estavam precisando ganhar um simples olhar com um
cumprimento.
Não sei se isso é maturidade,
superar adversidade, “crescer” com a experiência de vida, só sei que algumas
conversar infelizmente se tornaram fúteis pra mim (mas deixar de escutar um
amigo/colega nunca é bom, você deve ser solidário com ele ou ela), porque
verifico que o tempo passa e as mesmas atitudes continuam sendo colocadas em
prática, as mesmas lamentações, o mesmo saudosismo, as mesmas perdas.
Pessoas perdendo tempo achando
que não aceitando sua nova vida, achando que tudo se tornará mais fácil, que
tudo fluirá de forma mais rápida. E perdem a oportunidade de transformar
pessoas e coisas ao seu redor. Tanta coisa poderia estar sendo feita, tanta
gente bonita, divertida, inteligente se perdendo dentro de si mesmas, incapazes
de enxergar que o ganho só acontece quando o “eu” é perdido (essa é uma perda
que vale a pena). Dividir, compartilhar e “viver” um pouco do “outro” é muito
melhor do que se “perder” dentro de suas lamentações.
E não se engane... Quando você
realmente estiver pronto a perder tudo que te faz mal, muitas pessoas irão se
juntar a você para que você volte a adquirir essas coisas ruins. Pode ser
alguém se fazendo de amigo ou alguém que você pensava ser seu amigo (Sim, o seu
brilho sempre vai incomodar aqueles que acham que você deve ficar escondido),
pode ser alguém que não te responde o “bom dia”, pode ser alguém que você pensa
que é um amor novo.
“Amores novos”... Perdi um tempo
com isso também, logo que cheguei a minha nova cidade. Mas eu sei que amar é
muito bom, é lindo, é saudável, você tem muito mais motivos pra sorrir, então
não tem porque você se esconder. E eu nunca quis me esconder, nunca aceitei.
Por não aceitar as condições, ganhei novos olhares e parei de perder tempo com
aquele que nunca teve tempo pra mim. Ganhei nova vida, novos sorrisos e
reconhecimento.
Pare de se perder, comece a
ganhar! Refaça seus planos e sorria pra vida... Você pode parar de perder, de
se perder dentro de si e começar a simplesmente perder velhos hábitos e depois adquirir
os ganhos... Esses sim serão ganhos para a eternidade, e a partir de então vai
ser muito bom “perder” uma tarde toda conversando sobre o tempo que você perdia
e o que você fez pra transformá-los em ganhos.
E você? O que está perdendo?
Um beijo e um cheiro meus
queridos. Paz e Luz!