segunda-feira, 24 de novembro de 2014

O que você está perdendo?

Às vezes eu gosto de sair sozinha e dirigir rumo ao “nada”. Gosto de ter o vento batendo no meu rosto e bagunçando meu cabelo, gosto da sensação que tenho de leveza. É como se eu me sentisse um pouco mais viva do que de costume. Fico refletindo meus erros e sobre as pessoas que encontro e conheço, e confesso que é muito bom você só... observar e escutar.

Ultimamente tenho refletido muito sobre a questão da saudade... Coincidentemente, tem sido grande o número de pessoas que tem me procurado para falar o quanto está com saudades, seja de casa, de um lugar ou de alguém.

Nunca gostei de colocar tristeza junto com a palavra saudade, mas é o que sinto das pessoas quando as escuto. Confesso que em alguns casos acho perda de tempo (Não da minha parte, adoro escutar as pessoas, isso me ajuda a identificar o que posso melhorar em meu ser ou simplesmente saber o que eu não quero me tornar), insistir nas mesmas coisas, nas mesmas tristezas, ou ficar pensando o que poderia fazer “se estivesse”, “se pudesse”, “se”... mas e se?.

Eu tenho muitas saudades de minha mãe, talvez você pense que me incomoda por ser recente, ainda não tem um ano. Mas quem pré determinou o tempo que eu tenho que sofrer mais ou menos por isso? Eu confesso que todo dia 21 (dia em que ela faleceu), sinto a mesma dor em meu peito, a mesma falta de ar, tenho os mesmos “flashes” na minha mente, a mesma dor na garganta, por um choro que nunca pode sair, que eu nunca pude colocar pra fora.

Parece que eu estou associando saudade com tristeza, entretanto eu quero esclarecer que eu não tenho saudade disso. Tenho saudade das brincadeiras, de dormir do lado dela e pegar no cabelo lisinho, de ficar do lado dela na cama falando besteira e lhe apertar o nariz, de chama-la pelo apelido, etc... Disso eu tenho saudades. Mas quando me lembro dessas “pequenas” coisas, tenho um sorriso no rosto.

Eu mudei de cidade, de casa, tive que aprender a morar “só”, (coloco só entre aspas porque, a realidade é que eu nunca estou só. Deus sempre está comigo, e eu creio que se manifesta através das pessoas que Ele põe em meu caminho). Tive menos de um mês após a morte dela pra “reaprender” a viver, a seguir sem ela. Eu pensava se não seria desrespeito pensar em outras coisas, quando na verdade eu deveria estar pensando em minha mãe que se foi. Mas como todos sabemos “o mundo não para pra você resolver seus problemas”.

Então “criei” uma teoria que eu tinha que começar a “ganhar” e somente ganhar. Comecei no meu emprego novo, o que posso fazer? Conhecer novas pessoas. Posso “ganhar” novos amigos. E tudo partiu desse princípio. Para alguns é simplesmente canalizar energia positiva, para mim uma mudança de postura diante de tudo aquilo que me deixava triste.
Percebi que eu parei de “perder”. De perder a oportunidade de conversar com alguém, de demonstrar meu sorriso, seja ele bonito ou feio pra você, sorrir pra mim é sempre importante (e eu amo meu sorriso, ele é simplesmente espontâneo, largo, alegre e exagerado, ele me representa), parei de perder tempo com tristeza e comecei a criar projetos para desenvolver com meus alunos.

Comecei a observar mais aqueles que estavam ao meu redor e percebi que meus alunos tinham tanta dor pra “colocar” pra fora e que eu poderia ajudá-los a parar de perder tempo com aquela dor e tentar achar um meio de fazê-los ganhar. Ganhar novas ideias com um projeto, para que eles possam pensar em um futuro melhor, para eles, os filhos que vierem, ou que já existem, para os netos... Meus colegas de trabalho estavam precisando ganhar um abraço, um aperto de mão, um “bom dia” de verdade. As pessoas da limpeza estavam precisando ganhar um simples olhar com um cumprimento.

Não sei se isso é maturidade, superar adversidade, “crescer” com a experiência de vida, só sei que algumas conversar infelizmente se tornaram fúteis pra mim (mas deixar de escutar um amigo/colega nunca é bom, você deve ser solidário com ele ou ela), porque verifico que o tempo passa e as mesmas atitudes continuam sendo colocadas em prática, as mesmas lamentações, o mesmo saudosismo, as mesmas perdas.

Pessoas perdendo tempo achando que não aceitando sua nova vida, achando que tudo se tornará mais fácil, que tudo fluirá de forma mais rápida. E perdem a oportunidade de transformar pessoas e coisas ao seu redor. Tanta coisa poderia estar sendo feita, tanta gente bonita, divertida, inteligente se perdendo dentro de si mesmas, incapazes de enxergar que o ganho só acontece quando o “eu” é perdido (essa é uma perda que vale a pena). Dividir, compartilhar e “viver” um pouco do “outro” é muito melhor do que se “perder” dentro de suas lamentações.

E não se engane... Quando você realmente estiver pronto a perder tudo que te faz mal, muitas pessoas irão se juntar a você para que você volte a adquirir essas coisas ruins. Pode ser alguém se fazendo de amigo ou alguém que você pensava ser seu amigo (Sim, o seu brilho sempre vai incomodar aqueles que acham que você deve ficar escondido), pode ser alguém que não te responde o “bom dia”, pode ser alguém que você pensa que é um amor novo.

“Amores novos”... Perdi um tempo com isso também, logo que cheguei a minha nova cidade. Mas eu sei que amar é muito bom, é lindo, é saudável, você tem muito mais motivos pra sorrir, então não tem porque você se esconder. E eu nunca quis me esconder, nunca aceitei. Por não aceitar as condições, ganhei novos olhares e parei de perder tempo com aquele que nunca teve tempo pra mim. Ganhei nova vida, novos sorrisos e reconhecimento.

Pare de se perder, comece a ganhar! Refaça seus planos e sorria pra vida... Você pode parar de perder, de se perder dentro de si e começar a simplesmente perder velhos hábitos e depois adquirir os ganhos... Esses sim serão ganhos para a eternidade, e a partir de então vai ser muito bom “perder” uma tarde toda conversando sobre o tempo que você perdia e o que você fez pra transformá-los em ganhos.

E você? O que está perdendo?


Um beijo e um cheiro meus queridos. Paz e Luz!

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Um sonho chamado educação!



Certo dia estava conversando com um amigo e falávamos dos alunos que temos. Me lembro que acabei relatando a ele com lágrimas nos olhos que tenho alguns alunos que chegam muito cansados dos seus trabalhos, mas que mesmo assim vão assistir a aula. Sei que pode parecer uma obrigação para muitos, mas são pessoas que eu vejo que já possuem cabelos brancos, que poderiam ser meus pais... Não tenho como não me emocionar. Pessoas que chegam muitas vezes "queimadas" do sol, por ter passado o dia todo trabalhando. Me pergunto se eu sou algum tipo de pessoa sonhadora ou emotiva demais, se somente eu compartilho daqueles sentimentos.

Em uma outra via tem os temidos "aborrecentes" e que eu vejo uma capacidade enorme deles produzirem coisas espetaculares. Quando eu topo com algum "mimadinho" nem perco tempo, viro de lado e esqueço. Olho pra muitos e verifico que na minha fase "aborrecente" nem tinha tempo pra agir como tal, eu tinha sempre tanto trabalho pra fazer, quando tentava curtir eu tinha algum compromisso pra executar. 

O que me dava prazer mesmo era participar das atividades da igreja (não, eu não era jovem metida a santa que queria mudar o mundo), eu adorava participar das atividades em que tínhamos que fazer doações para as pessoas, mas não somente doações materiais, adorava ficar descascando a verdura que colocávamos na sopa do domingo de manhã, para a missa das crianças, muitos só iam para a missa para comer mesmo, era a única refeição que faziam. Amava a visita aos lares das famílias que eram carentes, seja pra orar ou para conversar com quem estivesse não tão bem, me empolgava quando tínhamos uma programação pra executar em algum retiro de jovens... (correção, eu só não era santa, mas nunca desisti de salvar o mundo).

Eu tenho um sonho chamado educação, mas não somente aquela que se aplica as escolas, mas a educação que ultrapassa o limite do ser humano. A educação que me permite ter a sensibilidade de enxergar o quanto aquele dia foi difícil para aquela pessoa estar ali, a educação que me permite visualizar que tenho alunos que fazem uma refeição por dia, educação que não me limita observar o SER HUMANO. Essa educação eu adquiri! Porém, de nada me vale se não repassá-la.

Mas o meu sonho mesmo é que isso se estendesse, que as pessoas observassem mais as possibilidades que elas tem de proporcionar algo melhor para o outro, com gestos simples como um abraço ou um "bom dia!", perguntando verdadeiramente se o colega de trabalho ou amigo precisa de ajuda. (Talvez eu tenha que ser mais egoísta, a maioria das pessoas não pensa assim, entretanto eu não posso abandonar meus objetivos).

Você se modifica um pouco com a mudança de ambiente, seja de lugar ou simplesmente de trabalho. Eu modifiquei os dois ambiente, mas tenho orgulho de dizer que não perdi minha educação. Meu olhar sobre o ser humano só está mais apurado, observar realmente é uma arte. Para aqueles que ainda fazem tolice e eu desisti de aconselhar, só tenho a lamentar mesmo... Tudo na vida passa, e se você teve oportunidade de "ser educado", por alguém que não pretendia te cobrar nada em troca disso, que queria somente fazer por boa vontade, se contente em ter perdido. 

Talvez pra você eu não esteja falando de educação e sim de sensibilidade do ser humano... Mas a educação a que me refiro é a educação da alma, do espírito que se torna leve ao fazer o bem. A oportunidade chega pra todos e se a sua chance passou é porque outra pessoa estava precisando dessa lição e com certeza dará mais valor que você. 

SIM! Eu tenho um velho sonho chamado EDUCAÇÃO!

Um beijo e um cheiro!